Fonte: Valor Econômico. Data: 6/01/2009
Pessoas com acesso à web no Brasil já é maior que a população de
países como Espanha e Argentina
André Borges escreve para o "Valor Econômico":
Depois de viver um ciclo de crescimento sem precedentes no mercado de
computadores, o Brasil fechou 2008 com mais de 43 milhões de pessoas com
acesso à internet, segundo dados do instituto de pesquisa Ibope/NetRatings.
No fim de 2003, esse contingente era de 22 milhões de pessoas. Por si só, o
volume já excede a população total de países como Espanha e Argentina.
Mas o número total certamente é ainda maior, uma vez que os dados
contabilizam apenas usuários a partir dos 16 anos de idade, com acesso em
qualquer tipo de ambiente - residência, trabalho, escolas, lan houses,
bibliotecas e telecentros.
Neste ano, mesmo se considerado o cenário econômico mais pessimista, a
expectativa é de que a rede mundial quebre a fronteira dos 50 milhões de
usuários no país. "Os últimos dois anos foram períodos muito fortes, uma
fase que não irá se repetir em 2009, mas certamente o país vai manter um bom
ritmo de acesso", diz Fernando Meirelles, professor e coordenador do centro
de pesquisa de tecnologia da Fundação Getulio Vargas, de São Paulo (FGV-SP).
A previsão é de que o acesso residencial, que tem sido o principal
motor da rede de computadores no país, continuará a ser estimulado pela
entrada das classes C e D. "A internet vem se transformando em um item
essencial de consumo do usuário urbano", comenta Marcelo Coutinho, diretor
de análise de mercado do Ibope Inteligência. "Uma vez que a pessoa tenha
contato com a tecnologia, ela tende a não querer abrir mão desse benefício."
Até novembro, o número de pessoas que moram em residências onde há um
computador com acesso à internet subiu para 38,2 milhões, segundo o Ibope.
Em dois anos, o crescimento foi de 73%.
A entrada em massa de novos usuários na rede ajuda a entender o
sucesso das chamadas redes sociais, sites usados para trocar mensagens e
exibir conteúdo. Um levantamento realizado pela empresa de pesquisas Pyramid
Research mostra que sites de relacionamento e de compartilhamento de
conteúdo, como o Orkut e o YouTube, lideram o ranking dos serviços mais
procurados pelo internauta brasileiro, ao lado de ferramentas como o MSN, de
mensagem instantânea, e o serviço de correio eletrônico Hotmail.
"As redes sociais têm sido a porta de entrada da maior parte das
pessoas que acessam a internet pela primeira vez", diz Coutinho. "Antes de
qualquer outra coisa, as pessoas querem se comunicar."
Segundo o estudo, que foi encomendado pelo Google, as ferramentas de
comunicação atraem 87% da base de entrevistados. Elas são seguidas pela
busca de notícias, entretenimento e pesquisas escolares (com 81% das
respostas), músicas e vídeos (42%) e comércio eletrônico (23%).
A expansão da base de usuários da rede vem sendo acompanhada pela
adesão aos serviços de banda larga, os quais, desde 2007, já superam o
número de conexões discadas no país, segundo dados do Comitê Gestor da
Internet. Entre as famílias com renda superior a cinco salários mínimos, a
conexão em alta velocidade já é realidade para 57% das pessoas, uma taxa que
atingia 22% em 2005.
A tendência é de crescimento. Em junho de 2008 foram contabilizadas
mais de 10 milhões de conexões rápidas à internet, volume 48% superior ao de
junho de 2007, segundo estudo da consultoria IDC, encomendado pela Cisco
Systems. O aumento da banda larga, diz Meirelles, da FGV-SP, deverá passar
por uma redução no custo dos serviços ao longo deste ano. "O efeito
psicológico da crise econômica é muito forte sobre as pessoas, que tendem a
ficar mais resistentes a gastar com tecnologia", observa. "As empresas que
oferecem os serviços terão que reagir a isso."
Para o pesquisador da FGV-SP, as turbulências esperadas nos próximos
meses não deverão afetar a popularização da internet no país. Até 2012, diz
Meirelles, o Brasil terá 100 milhões de internautas.
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