quarta-feira, 25 de setembro de 2013
IMIGRAÇÃO - COLÔNIA ALESSANDRA DE SAVINO TRIPOTI
IMIGRAÇÃO – Agente Joaquim Caetano Pinto Junior
IMIGRAÇÃO
Pesciolini, Ranieri Venerosi - Le Colonie Italiane nel Brasile Meridionale - Fratelli Bocca, 1914 - Torino.
A nossa África - Revista de História da Biblioteca Nacional
A nossa África
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Em visita ao continente, Freyre pôde ver de perto o que antes só conhecia pelos livros Alberto da Costa e Silva Em 1843, durante um debate no Senado sobre o tráfico negreiro, Bernardo Pereira de Vasconcelos (1795-1850) argumentou que o Brasil necessitava de escravos africanos porque a África civilizava a América. Antes e depois dele, houve algumas vozes, em geral discretas, que apontaram a influência africana sobre certos aspectos da vida brasileira. Tardaria, porém, quase um século para se ler em Pandiá Calógeras (1870-1934), na sua Formação Histórica do Brasil (1930), que tinham sido os negros que introduziram a metalurgia de ferro em Minas Gerais, em forjas africanas e com técnicas africanas. Três anos mais tarde, em 1933, em Casa-Grande & Senzala, Gilberto Freyre salientaria a importância da bagagem de experiências de vida nos trópicos trazida pelos africanos para o Brasil, com ênfase nas técnicas de produção econômica, no preparo do ferro, na mineração do ouro e na ourivesaria, na agricultura, na criação extensiva do gado, na tecelagem e no trabalho do couro e da madeira. Em seu livro, Freyre mostrava que o negro, ou seja, a África, estava dentro de cada brasileiro, entranhada nos seus modos de vida, em casa e na rua, na infância, na juventude, na maturidade e na morte. Para Freyre, a África era coautora do Brasil. Mas a África que ele conhecia era a que os escravos trouxeram consigo e a que lhe chegara pelas leituras – e tinha então em sua estante não mais do que uma ou duas prateleiras com livros sobre o continente africano. Na África, havia estado apenas em Dacar. E só muitos anos depois da publicação de Casa-Grande & Senzala, visitaria aquelas partes do continente sob o domínio de Portugal, atendendo a um convite que lhe fez, em 1951, o governo de Lisboa. Dessa viagem a Cabo Verde, Guiné, Angola, São Tomé e Moçambique, fez um belo relato em Aventura e rotina (1953), no qual fica evidente que as autoridades coloniais não deixaram que demorasse o olhar sobre o que mais lhe interessava. Não andou sozinho por parte alguma. Parecia que tinham a intenção de que não visse a África e os africanos, mas tão somente o que se fizera português na África. Algumas vezes teve de pedir paciência a seus guias e acompanhantes para ver melhor o que para estes não passava de um vilarejo de pretos, para conversar com um soba (nome dados aos chefes africanos) ou desenhar um penteado de mulher. A exceção deu-se em Moçambique, porque Freyre se desentendeu, logo à chegada, com o governador português e, graças à ausência de solicitude deste, pôde ver o que não estavam interessados em mostrar-lhe: a riquíssima multiplicidade de culturas da ilha que deu o nome ao país. As formas, as cores e os perfumes da África do Índico entraram-lhe alma adentro. Nessa ilha pequenina, viam-se lado a lado, conciliados, conflitantes ou até mesmo confundidos, prédios, móveis, vestidos, comidas e modos de ser da África, da Arábia, da Pérsia, da Índia, da Indonésia, de Portugal e do Brasil. Freyre deslumbrou-se com tudo, mas principalmente com as mulheres, nas quais – as palavras são dele, em Aventura e rotina a mestiçagem alcançava "vitórias esquisitas de beleza e graça nas formas, nas cores, no sorriso, na voz e no ritmo do andar". Não podia ele deixar de ver nisso uma prova de que estava correta a sua teoria do lusotropicalismo. Na verdade, porém, a mestiçagem étnica e cultural em Moçambique antecipara de muito a chegada dos portugueses. O seu início datava de mais de 2.500 anos, e envolvera bantos, somalis, etíopes, árabes, persas, guzerates, cholas, malabares, cingaleses, javaneses e muitos povos mais. Mesmo em Angola, apesar dos antolhos que nele puseram, não lhe escaparam muitas coisas. E emocionou-se com várias delas. Por exemplo, com as lápides no cemitério dos brancos em Moçâmedes, nas quais leu que este, e aquele, e aquele outro haviam nascido em Pernambuco. Eram os filhos brasileiros dos portugueses, muitos deles já abrasileirados, que fugiram do Recife, na metade do século XIX, por causa das perseguições antilusitanas, e foram, pode-se dizer, refundar aquela cidade entre o mar e o deserto. Mas foi o cemitério dos negros – posteriormente objeto de um opúsculo, Em torno de alguns túmulos afro-cristãos – que o fascinou, como uma mistura de tradições de sepultamento africanas e europeias. Nas lápides pintadas com cores vivas, via-se uma cruz de desenho complicado, tendo abaixo, em relevo, figuras humanas, como a Madona com o Menino, ou um grupo de pessoas a olhar-nos de frente, ou, ainda, os instrumentos de trabalho do morto (martelo, serrote, alicate, no caso de um carpinteiro), tendo à frente um vaso para recolher a comida e a bebida que se ofertavam periodicamente ao morto. Gilberto Freyre se interessava principalmente pela África que havia no Brasil. Não deixou, contudo, de fascinar-se com aquela África que, abrasileirada, atravessou de volta o Atlântico. Quem dela lhe deu as mais pormenorizadas e entusiásticas notícias foi o fotógrafo e etnólogo Pierre Verger (1902-1996). Com base em suas informações, Freyre escreveu os textos que acompanharam as fotografias de Verger numa série de reportagens publicada em 1951 na revista O Cruzeiro, e que, reelaborados, dariam um ensaio brilhante sobre os ex-escravos que regressaram à costa ocidental da África e ali criaram as comunidades de brasileiros, também conhecidos como agudás ou amarôs. Nas duas ou três ocasiões em que lhe contei o que vira e vivera em minhas viagens pela África, ele se inclinou na minha direção a fim de ouvir melhor. E animou a conversa com sua curiosidade inesgotável. Mais de uma vez, não escondeu a frustração por não ter voltado ao continente africano, não só para aprender mais sobre o que o Brasil devia à África, mas também para conhecer Tombuctu, Ajudá, Abomei, Lagos, Kano, Zanzibar e as igrejas escavadas na pedra da Etiópia. Alberto da Costa e Silva é membro da Academia Brasileira de Letras e autor de O quadrado amarelo (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009). Parecia que tinham a intenção de que não visse a África e os africanos, mas tão somente o que se fizera português na África Saiba Mais - BibliografiaRevista de História da Biblioteca Nacional História Viva |
Siderurgia na Colônia
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Siderurgia na Colônia
As tentativas de produzir ferro no Brasil começaram no final do século XVI no interior de São Paulo NELDSON MARCOLIN Ruína da fábrica de ferro em foto de 1987 A história dos sucessos e fracassos da Real Fábrica de Ferro de Ipanema, um empreendimento siderúrgico realizado no século XIX no Brasil, já foi analisada e contada várias vezes. Hoje se conhecem bem as dificuldades técnicas enfrentadas por suecos e alemães contratados para conseguir produzir ferro em grande quantidade e com qualidade no interior de São Paulo, o que nunca foi alcançado. Nesse período a siderurgia já estava avançada na Europa, onde os altos-fornos eram feitos com base no conhecimento científico acumulado nos últimos séculos. Já as tentativas de produzir ferro antes da Real Fábrica são uma história pouco conhecida. O minério era transformado em ferro por práticos fundidores que trabalhavam em condições precárias no meio da mata, com fornos muito pequenos e dificuldade para distribuir a produção. Muitos práticos em metalurgia e fundição e mineiros especializados em ouro, prata e pedras preciosas foram trazidos ao Brasil em 1598 por dom Francisco de Sousa (1591-1602), o sétimo governador-geral do Brasil. Sousa seguia informações sobre a ocorrência de minérios valiosos em uma região perto da então Vila de São Paulo de Piratininga, no morro de Araçoiaba, a 15 quilômetros do atual município de Iperó. Os trabalhos de exploração no local começaram um ano antes com o bandeirante e comerciante português Afonso Sardinha, esperançoso de encontrar metais nobres no local, de acordo com o historiador Pedro Taques (1714-1777). Em Araçoiaba, no entanto, a abundância do minério de ferro restringia-se à magnetita. A fim de aproveitar o potencial daquela área foram construídos fornos e forjas para fazer barras e peças simples como facas, espadas, ferraduras e cravos. "Os fundidores faziam esse trabalho utilizando o conhecimento prático, sem o entendimento científico dos fenômenos presentes na fundição, especialmente os que ocorrem na combustão dos materiais", diz a historiadora Anicleide Zequini, especialista no tema do Museu Republicano de Itu, ligado ao Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP)."Esses fenômenos só foram desvendados durante a chamada revolução científica, entre 1789 e 1848, com o avanço da química e passo a passo com a Revolução Industrial." Vestígios do forno de fundição A exploração empreendida no morro de Araçoiaba por dom Francisco e Sardinha não durou muito. Na época, o investimento tinha de ser parcialmente ou totalmente feito pelo explorador. Se o capital fosse limitado e o retorno não se desse logo, o investidor ia à bancarrota, como aconteceu com dom Francisco. Suas investidas não surtiram efeito e ele morreu na miséria. Depois houve duas outras iniciativas semelhantes. No século XVII, em 1684, o português Luiz Lopes de Carvalho construiu um engenho de ferro no mesmo lugar. Para conseguir dinheiro ele hipotecou suas propriedades em Portugal, mas faliu em 1682. No século seguinte, em 1763, foi a vez de Domingos Pereira Ferreira tentar. "Ele deve ter sido o último a produzir ferro naquele morro com a ajuda dos fundidores", diz Anicleide. A Real Fábrica foi erguida apenas em 1810 alguns quilômetros distante daquele local. Araçoiaba não foi o único lugar de São Paulo a fabricar ferro no século XVII. Na Vila de São Paulo foi aberta a Fábrica de Ferro de Santo Amaro, em 1607, uma sociedade de Diogo Quadros com Francisco Lopes Pinto e Antonio de Souza. Durou alguns anos e fechou. As atividades realizadas do século XVI ao XVIII no interior de São Paulo foram investigadas entre 1983 e 1989 pela arqueóloga Margarida Davina Andreatta, uma das pioneiras da arqueologia histórica no Brasil, segundo Anicleide. A área pesquisada e escavada por Margarida foi encontrada com a ajuda de um pesquisador da história da região, José Monteiro Salazar. Ela identificou o sitio, denominado Afonso Sardinha, e achou escórias, telhas, cerâmica em geral e vestígios de forno e outras construções. Quando Anicleide fez sua tese de doutorado sobre o sítio mandou datar as peças e comprovou que eram do período pesquisado. "Foi o primeiro sítio do século XVI datado em São Paulo", diz Margarida. Hoje aposentada da USP, ela ainda vai duas vezes por semana ao Museu Paulista e coordena um grupo de arqueologia histórica da Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes (SP). Revista FAPESP História Viva |
Pimenta, especiaria da América
Pimenta, especiaria da América
Max Weber | Integralismo | Arqueologia | Abertura dos Portos
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Chamada de artigos para Revista Cekaw - Sociedade Polônia de Porto Alegre
Prezados leitores e colaboradores,
Comunicamos que está sendo preparada uma nova edição da Revista Cekaw,
desta vez um pouco diferente, objetivando tratar de temática específica.
Em razão do anúncio da futura canonização do Papa João Paulo II (Karol
Wojtyla), que é patrono deste Centro de Estudos, e da sua importância
histórica, que não se restringe apenas ao âmbito religioso, decidimos
preparar uma edição temática, que deverá ser lançada durante o próximo mês
de outubro.
Convidamos a todos os interessados que tenham algum tipo de pesquisa
relacionada ao Karol Wojtyla, que nos enviem os artigos para publicação
até o final do mês de setembro. Os artigos poderão tratar de aspectos
biográficos, história, política, religião, entre outros, desde que ligados
ao tema.
Mais esclarecimentos e o envio dos trabalhos devem ser feitos pelo e-mail
cekaw@poloniapoa.org. Pedimos também a gentileza de que os colaboradores
que estiverem preparando artigos informem assim que possível a temática
com a qual estejam trabalhando para que possamos proceder com a
organização de conteúdo.
Ficaremos muito felizes com a participação de vocês, pois são os nossos
colaboradores que garantem o sucesso desta revista.
Atenciosamente,
Ademir José Knakevicz Grzesczak
Diretor
Centro de Estudos Polono-Brasileiros Karol Wojtyla - Cekaw
Sociedade Polônia de Porto Alegre
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