quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Custo da internet no Brasil

Acesso à internet é mais caro no Brasil

Entre os emergentes, País é o que cobra maior preço de banda larga

Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 5/10/2008

URL: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20081005/not_imp253738,0.php

Daniele Carvalho

O forte crescimento da utilização da banda larga para acesso à internet
ainda não se converteu em redução de preços para o consumidor no País.
Levantamento feito pela consultoria IDC coloca o Brasil no topo da lista dos
países com tarifas mais altas, entre os emergentes. Os custos pesam no bolso
dos clientes, que fazem conexão tanto por meio da tecnologia oferecida pelas
operadoras de telefonia fixa (ADSL) como pela das TVs por assinatura (cable
modem).

A pesquisa, que usou como parâmetro as velocidades mínimas e máximas
oferecidas em cada mercado, levantou o custo final para o consumidor no
Brasil, Argentina, Chile, Rússia e República Tcheca. "Não seria justo
comparar o Brasil com países desenvolvidos, onde o mercado já está mais
maduro",explica o analista em telecomunicações da consultoria, Vinícius
Caetano. Por isso, a o estudo definiu um perfil de países a serem
observados. "Resolvemos, então, fazer uma avaliação junto a países
emergentes da América latina e do Leste Europeu."

Ao pesquisar 15 provedores de banda larga no Brasil, a consultoria apurou
que o custo médio para a velocidade mínima, de 128 quilobits por segundo
(Kbps), oferecida no mercado pela conexão por operadoras de telefonia fixa
era de US$ 30 em julho deste ano. Já no Chile, onde a velocidade mínima é
mais que o dobro da brasileira (300 Kbps), o preço era de US$ 34,71. Na
vizinha Argentina, 512 Kbps saíam por US$ 27, 05.

O descompasso é ainda maior quando confrontados os dados do Brasil com os
dos países europeus em desenvolvimento. Na Rússia, por exemplo, a velocidade
mínima é de 1 megabit por segundo, com preço médio de US$ 14,64. Já na
República Tcheca, paga-se US$ 17,68 por 2 megas de conexão.

"No acesso mínimo de banda larga, o Brasil ainda oferece conexão de 128 Kbps
, que já é ultrapassada em vários países. E, mesmo assim, o custo é maior
que o de conexões com maior velocidade", comenta Caetano.

A diferença de preços também é grande quando se avalia os produtos mais
sofisticados, voltados para clientes de classe A. No Brasil, a velocidade
máxima oferecida no varejo, de 20 megas, exige desembolso mensal de US$ 300.
Na Argentina, 5 megas saem a US$ 46,80. No Chile, por 6 megas paga-se US$
59,70. Os internautas tchecos pagam por 8 megas de conexão ADSL US$ 53,
enquanto que os russos desembolsam cerca de US$ 38 por 6 megas de conexão.

"Se na conexão mínima estamos em desvantagem na oferta de serviço, na
máxima, já chegamos a 20 megas. Os demais países ainda oferecem acessos que
ficam em torno de 5 a 8 megas. O preço cobrado no Brasil, no entanto, é
proporcionalmente mais alto que nos países estudados", acrescenta o analista
da IDC.

VIA CABO

A situação não é diferente no acesso por cabo. No Brasil, o preço mínimo,
para 200 Kbps, é de US$ 32,60. Já os argentinos pagam US$ 15,90 por 640
Kbps, e os chilenos, US$ 38,70 por 1 mega. "Na conexão máxima, as empresas
brasileiras cobram US$ 130 por 12 megas. Na Argentina, 10 megas tem preço
médio de US$ 191, que no Chile saem por US$ 69,40", revela Vinícius Caetano.

A indústria nacional do setor aponta a carga tributária como o principal
vilão dos preços do acesso à internet banda larga. De acordo com o
presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet),
Eduardo Parajo, a taxação na atividade de telecomunicações chega a 43% dos
custos. "Assim fica difícil sair ganhando na comparação das tarifas", diz
Caetano.

Parajo admite, no entanto, que ainda há pouca concorrência no setor, o que
reduz a necessidade das empresas de oferecer preços mais competitivos. De
acordo com ele, esta disputa poderia ser motivada por meio da redução da
carga tributária ou diminuição da tarifa de importação de produtos para o
setor, que segundo ele chega a 100%.

"Estas medidas poderiam atrair mais investidores para o mercado", defende
ele. O analista da IDC observa que ainda há pouca concorrência no serviço de
banda larga, mas acrescenta que outro motivo para o encarecimento do serviço
de banda larga pode estar nas dimensões continentais do País.

"Além disso, o grau de penetração do serviço ainda é baixo no Brasil, de
13%. Em alguns dos países comparados chega a 30%", diz. "Temos que levar em
conta que isto faz uma grande diferença porque o custo fixo se mantém
estável", argumenta Caetano.

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Prof. Murilo Bastos da Cunha, Ph. D.
Universidade de Brasília/Dept. Ciência da Informação e Documentação
Campus Universitário
Brasília, DF 70900-910 Brasil
blog: http://a-informacao.blogspot.com/

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