104 milhões sem acesso à internet
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 12/12/2009.
Autora: Jacqueline Farid.
URL: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091212/not_imp480790,0.php
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 12/12/2009.
Autora: Jacqueline Farid.
URL: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091212/not_imp480790,0.php
A internet ainda é inacessível para 104,7 milhões de brasileiros (ou 65,2%
da população acima de 10 anos), apesar dos significativos avanços
registrados no País no acesso à rede nos últimos anos. Pesquisa divulgada
ontem pelo IBGE mostra que o aumento no número de usuários, entre 2005 e
2008, ocorreu especialmente entre os mais pobres, menos escolarizados e nas
Regiões Norte e Nordeste. Os locais públicos de acesso pago, como "lan
houses", são os mais usados pelos internautas, que acessam a rede,
sobretudo, em sites de relacionamento.O levantamento se refere à população
com 10 anos ou mais de idade e mostra que, em três anos, 24 milhões de
pessoas foram incluídas no acesso à web no Brasil. Desse total, 17 milhões
tinham renda mensal de até dois salários mínimos, sendo que 10,6 milhões
recebiam até um salário. O total de usuários chegou a 56 milhões em 2008,
com aumento de 75% ante 2005.
"Esses dados mostram que o acesso está sendo democratizado", avalia o
gerente da pesquisa mensal de emprego do instituto, Cimar Azeredo. Mais
democrático, mas ainda desigual e excludente, como ele mesmo avalia. "Ainda
há um número expressivo de pessoas alijadas da inclusão digital", lembra
Azeredo. Ele cita informações do site especializado Internet worldstats, que
mostram que enquanto no Brasil o porcentual de pessoas com acesso à rede é
de 34,8%, na América do Norte chega a 74% e na Europa a 52%.
O País está acima da média mundial (25,6%) e da América Latina e Caribe
(30,5%). Azeredo atribui o nível reduzido de acesso à desigualdade de renda
e a problemas na educação. "A desigualdade de renda se reflete no acesso à
internet. Um País com renda tão desigual não mostraria um acesso à rede
igual para todas as classes."O secretário executivo do Comitê para
Democratização da Informática (CDI), Rodrigo Baggio diz que falta uma
política centralizada de inclusão digital sustentável. "Quase todos os
ministérios têm um projeto. Isso gera ineficiência no uso dos recursos.
O grande desafio é estabelecer uma política pública unificada e
participativa." Para Baggio, o uso de lan house é exemplo de falta de
qualidade na inclusão digital. "Na falta de uma política pública eficaz, o
mercado é que está executando essa inclusão digital de baixa qualidade. Ela
é feita através das lan houses, que já são cerca de 100 mil, e com a venda
facilitada de computadores. Porém, ainda que tenham a ferramenta, nada
garante que essas pessoas poderão ter acesso à internet por causa dos
custos." Um segundo - e grave - problema está na retenção dos recursos do
Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que, de
acordo com Baggio, estão contingenciados para o superávit primário. A
pesquisa do IBGE mostra que, em muitos casos, a exclusão digital é uma
escolha.
Das 104,7 milhões de pessoas que não acessavam a internet, 32,8%, ou 34
milhões, responderam que isso ocorria porque "não achavam necessário ou não
queriam". Mas boa parte simplesmente se mostrou inapta, já que 31,6%
disseram que "não sabiam utilizar a internet". Segundo a pesquisa, que
pergunta aos usuários se acessaram a rede nos últimos três meses, 80,4% das
pessoas com 15 anos ou mais de estudo acessavam a internet em 2008, enquanto
no grupo dos sem instrução o porcentual não ultrapassava 7,2%. "Para sairmos
de um cenário de exclusão digital, é preciso investir em educação", alerta.
Prof. Murilo Bastos da Cunha, Ph. D.
Universidade de Brasília/Dept. Ciência da Informação e Documentação
Campus Universitário
Brasília, DF 70900-910 Brasil
blog: http://a-informacao.blogspot.com/
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