Daniela Arrais
Folha Online
O professor de idiomas Giuliano Reali, 30, começou a ler livros digitais
quando o escritor Stephen King lançou "Riding the Bullet", em 2000. Logo
depois, quis ler um título que não existia no Brasil e acabou adquirindo a
versão eletrônica em um site. Desde que comprou um smartphone, ler e-books
se tornou tão comum quanto usar o e-mail ou consultar o GPS.
No dia-a-dia de Reali e de inúmeros leitores, os e-books já são realidade. O
mercado editorial busca soluções para atender a esse tipo de leitor, que
forma um contingente que vem ganhando expressão, segundo dados da pesquisa
Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pelo Instituto Pró-Livro ao
Ibope: 3% (ou 4,6 milhões de pessoas) do universo estudado, que equivale a
92% da população brasileira, lêem livros digitais e 2% (ou 2,9 milhões) usam
audiolivros.
No universo de leitores, que corresponde a 95 milhões de pessoas, 7% (ou 7
milhões) baixam livros gratuitamente da internet, segundo a pesquisa.
Editoras investem em catálogos digitais. A inglesa Random House
(www.randomhouse.com) anunciou na semana passada que está disponibilizando
milhares de livros nesse formato -já existem 8.000 títulos e a idéia é
chegar a 15 mil, segundo a Associated Press.
No Brasil, a Lex Editora (www.lex.com.br) tem obras digitalizadas sobre
legislação. A partir de uma assinatura, que custa entra R$ 420 e R$ 2.000, a
editora permite acesso ao conteúdo, que pode ser lido por celular ou PDA.
Vantagens
Para Reali, a principal vantagem dos e-books é a mobilidade. "Não acho nem
um pouco cansativo. Acho até mais fácil de segurar um smartphone do que um
livro aberto. A iluminação passa a ser secundária, você pode até mesmo ler
no escuro, pois a tela do telefone basta."
No entanto, ele acha que a tecnologia ainda tem muito a crescer no Brasil.
"O brasileiro é muito impermeável ao uso de conveniências eletrônicas. As
pessoas te olham como um ET ou um nerd quando te vêem lendo um e-book ou
usando a função GPS no seu celular, quando, na verdade, você está apenas
dando um passo para tornar a sua vida mais prática."
Mago
Para o best-seller Paulo Coelho, editores são tão ruins quanto os monges
copistas que lamentavam a chegada dos livros impressos no século 16 --ele
declarou isso na Feira de Frankfurt, em outubro.
Para o mago -que disponibiliza seus livros em
www.piratecoelho.wordpress.com --, há uma falta de entendimento sobre a
internet fazer parte da indústria.
"Em vez de olharem a nova mídia como uma oportunidade de criar novas formas
de promoção, editores se concentram em criar microssites, que são
completamente fora de moda, e alguns se queixam dos "infortúnios" das outras
indústrias culturais, percebendo a internet como inimiga", disse.
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