terça-feira, 20 de maio de 2008

"OS BRUNO DE MARTINO"

Carmo de Martino

Um dos primeiros imigrantes italianos a chegar ao povoado de Santo Antonio dos Brotos foi Carmo de Martino. Nascido em 1835/+1906, casou-se com Mathilde Antonio de Paula com quem teve os filhos Antonio (1866), Anna, Ligia e Nicolau de Martino (1873/+1924).


Ainda sem calçamento e ruas definidas no povoado, Carmo montou um "Hotel do Carmo" para receber os imigrantes que chegavam.





Por volta de 1865, ou até antes, pelos registros encontrados na Paróquia de Santo Antonio de Miracema, encontrava-se também o Padre Francisco de Martino como pároco da Capela de Santo Antonio dos Brotos, subordinada à Curata da Freguesia de Santo Antonio de Pádua. O Pe. Francisco chegou a ser bispo, pelo que consta de informações da família e de fotos.



Giovanna de Martino


Na Itália, precisamente no Comune de San Giovanni a Piro, então pertencente ao Reino das Duas Sicílias, nascia FRANCISCO ANTONIO BRUNO DE MARTINO, filho do casal Giovanna Elisabetta de Martino (1832/+1921) e Rocco Bruno (1827/+?), casados no mesmo comune em 1862, ela filha de Nicola de Martino e Lucia Florimonti e ele filho de Francesco Antonio Bruno e Gaetana Pace. O casal teve quatro filhos no total:

  1. FRANCESCO (Antonio/Gaetano) BRUNO, nascido 03/04/1863;

  2. GERALDO BRUNO, nascido em 1864;

  3. MICHELLANGELO BRUNO, nascido em 17/5/1868; e

  4. GIUSEPPE BRUNO.

Francisco, o primogênito, veio ao Brasil com 15 anos, já com o destino de Santo Antonio dos Brotos onde ficaria sob os cuidados de seu tio, o Pe. Francisco de Martino. Geraldo e Michellangelo (Miguel) primeiro foram para o Uruguai, tendo chegado no povoado por volta do final do século XIX. Primeiro veio Miguel. Entre 1898 e 1899 vieram Geraldo e família.



Francisco casou-se em primeiras núpcias com Maria Nogueira de Martino. Em segundas núpcias, casou-se com Brasileira Lídia de Souza Lobo (1868 / +1952), viúva de Deodato Linhares (1839/?)). Tiveram filhos: Orlanda (Tudinha), em 1901; Maria Itália (Lilita), em 1903; Francisco Antonio Bruno de Martino Filho (Bruno de Martino), em 1906; Orlando (Landinho) em 1907 e Maria Hermília (Doninha) em 1909. Francisco é o fundador da Fábrica de Tecidos São Martino, fundada em 1906, premiada com Medalha de Ouro pela qualidade dos tecidos, já em 1908, no Rio de Janeiro, na Exposição em Comemoração ao Centenário da Abertura dos Portos às Nações Estrangeiras. Faleceu em 1918.


Miguel continuou no empreendimento industrial com a morte do irmão. Casado no Brasil com Iolanda de Araújo Silva, teve os filhos: Humberto, Lenira, Maria Ivete, Hélio Sebastião, Miguel Bruno Filho e Lisette. Foi sócio-fundador do Partido Separatista de Miracema, várias vezes presidente da Sociedade Muscical XV de Novembro, tendo participado ativamente dos eventos e manifestações em prol do progresso do então distrito de Miracema. Promoveu investimentos na fábrica e implantou o setor de tecelagem. Faleceu em 1931, na Fábrica de Tecidos.


Geraldo Bruno de Martino e Felícia (cedida por Marcelo Salim de Martino)

Geraldo casou-se no Uruguai com a uruguaia Felícia Percopo (1874), tendo vivido em Montevidéo por 14 anos. Trabalhava como remador em grandes barcas de madeira fazendo transferências de Montevidéo para Buenos Aires. No Uruguai, nasceram seus 4 primeiros filhos: Caetana (Tita), Felícia (Totó), Joanna (Joaninha) e Roque. Quando chegaram ao povoado foram recebidos pela Banda Sete de Setembro, em plena festa, na Estação Ferroviária. Geraldo trabalhou como administrador da Fazenda Cachoeira Bonita, ajudou a construir a Fábrica de Tecidos São Martino e as 50 ou 60 casas de operários da fábrica. Na Fazenda Cachoeira Bonita nasceram seus 3 filhos brasileiros: Geraldo Amadeu (Filinho Bruno), Lídia e Luzia Bruno de Martino.



Por último, juntamente de sua mãe, a Matriarca dos "Bruno de Martino", Giovanna Elisabetta de Martino, chegou Giuseppe, conhecido como José Bruno de Martino. Mãe e filho vieram para o Brasil após o falecimento do Patriarca Rocco Bruno, em Scario, frazzione (=distrito) de San Giovanni a Piro, hoje situada na Província (= Estado) de Salerno e Região de Campania.



Giuseppe ficou cego aos 14 anos, após ter contraído Sarampo, na Itália. Aqui montou um comércio. Para lidar com o dinheiro, utilizava uma caixa de madeira, que ao abrir tocava uma música. Atendia seus fregueses na quantidade e produtos solicitados, naturalmente, tendo desenvolvido os outros sentidos, pela falta da visão. Conhecia a comida que estava comendo e escolhia o que comer pelo olfato, bem como arrumava a cama. Morou sozinho após o falecimento da mãe, Giovanna, que faleceu em 1921 na casa da Rua das Flores, onde hoje é a Telemar. Pepino, ou "Pippino", morou sozinho na Rua Direita, até mudar-se para o sobrado de D. Iolanda Araújo, viúva de seu irmão Miguel, onde faleceu.





Sobrado de D. Iolanda Araújo de Martino

No volume I de LOGRADOUROS DE MIRACEMA, ao falar da Rua Direita, no texto de Erasmo Tostes, Giuseppe foi lembrado, em seu endereço:


"O Rotary fazia suas reuniões no salão do Hotel Braga e na esquina funcionava o bar Savoya, depois o Mercado de Clandírio Magacho. Dona Elisa foi dona do Hotel Braga por muitos anos. Com a saída de Dona Elisa veio Dona Hilda Tancredi, do outro lado da rua, na esquina, um sobrado, um comprador de café Avelar & Cia. e na parte de baixo catava-se o café. Após, Ulisses Padilha. Mais à frente a garagem de ônibus Otílio Ávila. Nos fundos, morava um cego chamado Pepino e funcionava um bar que foi do Caboclo. Depois José Luís, mais tarde foi adquirido por José Jardim, que ao servir um prato grátis de pé de porco a três fregueses: Séqüito, Chico Sapateiro e seu filho Argemiro, José Jardim foi apelidado, daquele dia em diante, de Zé Pé de Porco, como é chamado até os dias de hoje. Tinha Gibi, como ajudante, figura popular e fazedor de mandados."

Então, para esclarecer e fazer uma singela homenagem a José Bruno de Martino, também conhecido por "Pippino", que era irmão de Francisco, Miguel e Geraldo Bruno de Martino, registramos aqui as singelas lembranças que nos foram passadas por Joffre Geraldo Salim, casado com Lenira de Martino Salim (sobrinha); Chicralina Salim de Martino, casada com Miguel Bruno de Martino Filho (sobrinho), através de seu filho Marcelo Salim de Martino (sobrinho-neto); Miguel Angelo de Martino Alves, sobrinho-neto, neto de Francisco; e por seu sobrinho-neto, neto de seu irmão Geraldo, Oníber Igrejas (Anibinha). Aqueles, que como o Erasmo, lembraram e tiveram o prazer de conhecê-lo.


Niterói, 17 de dezembro de 2006 (atualizado em 30/6/07)



Angeline Coimbra Tostes de Martino Alves.


Publicado no volume II de Logradouros de Miracema, com adaptações efetuadas em 13/5/08.

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